sexta-feira, 13 de setembro de 2013


E já que falamos no clássico infanto-juvenil “A bolsa amarela”, proponho uma atividade de interpretação baseada num trecho dessa obra deliciosa para a turminha do 6º ano – Ensino fundamental II.

A bolsa por fora

Era amarela. Achei isso genial: pra mim o amarelo é a cor mais bonita que existe. Mas não era um amarelo sempre igual: ás vezes era forte, mas depois ficava fraco: não sei se porque ele já tinha desbotado um pouco ou porque já nasceu assim mesmo, resolvendo que ser sempre igual é muito chato.

Ela era grande: tinha até mais tamanho de sacola do que de bolsa. Mas vai ver ela era que nem eu: achava que ser pequena não dá pé.

A bolsa não era sozinha: tinha uma alça também. Foi só pendurar a alça no ombro que a bolsa arrastou no chão. Resolveu o problema. E ficou com mais bossa também.

Não sei o nome da fazenda que fez a bolsa amarela. Mas era uma fazenda grossa, e se a gente passava a mão arranhava um pouco. Olhei bem de perto e vi os fios da fazenda passando um por cima do outro: mas direitinho; sem fazer bagunça nem nada. Achei legal. Mas o que eu achei mais legal foi ver que a fazenda esticava: “vai dar pra guardar um bocado de coisa aí dentro”.

 

A bolsa por dentro

 

Abri devagarinho. Com medo danado de ser tudo vazio. Espiei. Nem acreditei. Espiei melhor.

_ Mas que curtição! _ berrei. E ainda bem que só berrei pensando: ninguém encostou nem olhou.

A bolsa tinha sete filhos! Eu sempre achei que bolso de bolsa é filho de bolsa. E os sete moravam assim:

Em cima, um grandão de cada lado, os dois com zíper: abri-fechei, abri-fechei, abri-fechei, os dois funcionando que só vendo. Logo embaixo tinha mais dois bolsos menores que fechavam com botão. Num dos lados tinha um outro – tão amargo e tão comprido que fiquei pensando o que é que podia guardar ali dentro (um guarda – chuva? Um martelo? Um cabide de pé?). No outro lado tinha um bolso pequeno, feito de fazenda franzidinha, que esticou todo quando eu botei a mão dentro dele: botei duas mãos: esticou ainda mais: era um bolso com mania de sanfona. Como eu ia dar coisa pra ele guardar! E por último tinha um pequenininho, que eu logo achei que era o bebê da bolsa.

Comecei a pensar em tudo que eu ia esconder na bolsa amarela. Puxa vida, tava até parecendo o quintal da minha casa, com tanto esconderijo bom, que fecha, que estica, que é pequeno, que é grande. E tinha uma vantagem: a bolsa eu podia sempre levar a tiracolo, o quintal não.

Lygia Bojunga. A bolsa amarela. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2003.

 

a-      Raquel cita a palavra “fazenda” para se referir ao material com que foi feita a bolsa amarela. Você sabe o que significa, no texto, essa palavra?

b-      A menina fica encantada por constatar que a bolsa tem vários compartimentos – bolsos. Por que você acha que uma menina como Raquel precisa de tanto espaço numa bolsa?

c-      Por que você acha que a narradora separou o trecho em duas partes – a bolsa por fora e a bolsa por dentro?

d-     A narradora é observadora ou personagem? Justifique.

e-      Através desse fragmento, é possível descobrir algo sobre Raquel? Sua idade, sua classe social, sua personalidade? Explique.

f-       Pesquise quem é essa autora genial – Lygia Bojunga Nunes.

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